Com greve da Polícia Civil, delegacias não fazem boletins de ocorrência e investigações estão paradas
A greve dos policiais civis do Ceará anunciada na terça-feira (03)
está deixando a população que procura as delegacias de Fortaleza sem
atendimento. Com o fim da greve da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros do Ceará, as tropas do Exército Brasileiro e da Força
Nacional, mobilizadas para reforçar a segurança do Estado, passaram a
fazer a segurança patrimonial das delegacias. Contudo, o registro de
boletins de ocorrência e as investigações estão parados.
Segundo o tenente-coronel do Exército Charles Moura, as tropas
federais estão atuando nas delegacias apenas para que as prisões possam
ser efetuadas. “As delegacias não estão funcionando (para a população).
Estão funcionando e atendendo as nossas necessidades”, disse.
Moura não descarta, contudo, que os homens do Exército passem a
assumir outras funções de policiais civis, como as de escrivães e
inspetores. “Até o presente momento, pelas reuniões que eu acompanhei
pessoalmente não tivemos demanda nesse sentido”, ponderou.
Delegacia da Polícia Civil é protegida por carro com homens do Exército em Fortaleza
Prisões
Um fato curioso chama atenção na atuação das tropas federais. Como a
chamada Operação Ceará não dispunha até hoje de viaturas para realizar o
patrulhamento, o governo do Ceará cedeu 100 carros de passeio. Cada
veículo é ocupado por quatro homens do Exército. Em uma eventual prisão,
não haveria espaço ou local adequado para conduzir um criminoso até a
delegacia, já que os carros de passeio andam cheios.
Questionado pelo iG sobre essa logística, o
tenente-coronel Charles Moura não soube explicar que tipo de
procedimento os soldados estavam adotando para realizar as prisões. “Eu
estou imaginando como isso foi feito também. Mas foram efetuadas prisões
e posteriormente eu te informo na prática como foi feito. Não
acompanhei nenhuma prisão”, admitiu.
A falta de homens, equipamentos e meio de transporte adequados e
suficientes para atender a demanda de Fortaleza acabou deixando um vácuo
na segurança pública na terça-feira (03) quando Fortaleza viveu um dia
de pânico e todo o comércio da cidade fechou. Segundo dados do Centro
Integrado de Operações de Segurança (Ciops), 300 ocorrências deixaram de
ser atendidas.
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