presidente
da Ugeirm diz que há "clima de revolta muito grande" na polícia: "Ninguém aguenta mais. Se o governo não contemplar todos, entramos em
greve”| Ramiro Furquim/Sul21
Samir Oliveira
O acordo firmado entre o Palácio Piratini e os delegados gaúchos
nesta quarta-feira (4), que estabeleceu um calendário de reajustes
salariais até 2018, colocou as demais categorias da Polícia Civil em pé
de guerra com o governo do Estado. Inconformados, agentes exigem que os
mesmos critérios sejam utilizados para conceder aumento aos outros
integrantes da corporação.
Ao estabelecer que, de 2013 a 2018, os delegados terão a mesma
remuneração que um procurador estadual, o governo atendeu à principal
reivindicação da categoria: a isonomia salarial com os membros da
Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Para que isso ocorra, os delegados
aceitaram não ganhar reajuste até 2013, quando os pagamentos começarão a
ser feitos.
Mas enquanto a cúpula do governo celebrava o pacto com os delegados,
as demais categorias da Polícia Civil articulavam uma intensa agenda de
pressão junto ao Piratini. Nesta quinta-feira (5), o Sindicato dos
Escrivães, Inspetores e Investigadores (Ugeirm) convocou uma reunião de
diretoria para discutir o tema e já protocolou um pedido de reunião
junto à Casa Civil. Eles acusam o governo de querer ampliar ainda mais a
diferença salarial que existe entre delegados e demais categorias. E
dão um ultimato de uma semana para que a administração comandada por
Tarso Genro (PT) sinalize propostas.
O tom das declarações é forte e os sindicalistas falam inclusive na
possibilidade de uma greve. “Há um clima de revolta muito grande na
polícia com esse reajuste, ninguém aguenta mais. Se o governo não
contemplar todos, entramos em greve”, ameaça o presidente da Ugeirm,
Isaac Ortiz. Ele lembra da greve que ocorre no estado do Ceará, onde até
as Forças Armadas tiveram que ser chamadas para fazer o policiamento
nas ruas, especialmente na capital Fortaleza. “Se o governo não
contemplar o que estamos pedindo, nossa greve não será muito diferente
do que é a do Ceará”, alerta Ortiz.
Um inspetor da Policia Civil em Santa Maria conta que os colegas
estão furiosos com a falta de sinalização do Piratini para a categoria.
“O clima é de revolta. A mobilização dos agentes é algo que nunca foi
visto antes na história da polícia”, comenta
Ele avalia que foi uma “decisão política” atender ao pleito dos
delegados. Apesar das críticas, o policial acredita que o Piratini
acabará atendendo às reivindicações das outras categorias. “Não acredito
que o governo irá cometer um suicídio político de não conceder os
reajustes. Quem toca a polícia são os agentes. As delegacias funcionam
sem delegados, mas não sem agentes”, compara.
Em média, um agente policial em início de carreira, recebe cerca de
R$ 1,8 mil e pode chegar a pouco mais de R$ 5 mil. Na estrutura
salarial, os delegados estão divididos em primeira classe (R$ 7.094),
segunda classe (R$ 7.538), terceira classe (R$ 7.981) e quarta classe
(R$ 8.425). Com os reajustes, até 2018 um delegado de quarta classe
receberá R$ 24 mil.
“Não queremos ampliar diferenças”, defende Airton Michels
O secretário estadual de Segurança Pública, Airton Michels (PT),
acredita que não haverá maiores tensionamentos entre o governo e os
agentes da Polícia Civil. E informa que quando a proposta aos delegados
foi concluída, já era esperado que as demais categorias intensificassem a
pressão. “Eles não precisam bater na porta do Palácio Piratini, pois
serão chamados a negociar. De modo algum iremos aumentar as diferenças
salariais entre delegados e agentes”, explica o petista.
Ele evita comentar se o governo atenderá à reivindicação de
estabelecer os mesmos índices de reajustes a todos, mas diz que a
proporcionalidade será garantida. “Daremos um aumento proporcional ao
que foi concedido aos delegados”, projeta.
O secretário garante que não está preocupado com a possibilidade de
uma greve na área da segurança. “Não tenho preocupação de que venha a
ocorrer algo semelhante ao que houve no Ceará pelo nível de diálogo que
temos mantido e pelas ações concretas que temos demonstrado”, defende
Michels.
O tom é o mesmo na Casa Civil. O chefe da pasta, Carlos Pestana (PT),
conversou na tarde desta quarta-feira (5) com o presidente da Ugeirm,
Isaac Ortiz, e diz que “há tranquilidade” para conduzir as negociações.
“Quando fizemos a negociação com os delegados tínhamos presente o
compromisso com as outras categorias.Temos tempo e tranquilidade para
tratar de todos os temas de maneira adequada”, avalia. Pestana lembra
que já foi concedido um reajuste de 10% aos agentes em 2011 – cujas
parcelas ainda estão sendo pagas.
Para o chefe da Casa Civil, o principal desafio é consolidar as
carreiras das demais categorias. “Querem construir uma carreira e esse é
o desafio da nossa discussão”, comenta. Uma nova reunião com a Ugeirm
deve ocorrer na próxima sexta-feira (13).
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