Seguindo a lógica de que a greve precisa provocar transtornos para
forçar o patrão a negociar, a assembleia do magistério aprovou a
paralisação a partir de segunda-feira. É o pior momento para suspender
as atividades nas escolas. Vai empurrar o final do ano letivo para
janeiro, prejudicando principalmente os alunos do 3º ano do Ensino
Médio, que estão às portas do vestibular. Isso sem falar nos transtornos
para quem planejou férias para janeiro e terá de mudar os planos se as
aulas se estenderem para o início de 2012.
A greve não vai fazer brotar o dinheiro necessário para o governo
integralizar o piso salarial dos professores. Se o Estado tivesse esses
recursos, a ex-governadora Yeda Crusius teria pago, até para se livrar
das pressões. Se houvesse dinheiro, Tarso Genro teria anunciado no
primeiro dia de governo que a partir do dia seguinte o salário básico de
todos os professores com contrato de 40 horas seria de R$ 1.187 e sobre
esse valor incidiriam todas as vantagens pagas ao magistério. Hoje,
seriam necessários R$ 1,5 bilhão para integralizar o piso, sem falar nos
atrasados que a Justiça ainda vai dizer a partir de que momento
começarão a ser contabilizados para efeito de cobrança retroativa.
Yeda questionou a constitucionalidade da lei do piso na Justiça e foi
duramente criticada pelo PT. Tarso se comprometeu com o pagamento do
piso na campanha e ao assumir informou ao Judiciário que o governo
gaúcho não avalizava a ação de sua antecessora. O gesto foi comemorado
pelos professores, mas a realidade das finanças falou mais alto: quando o
STF decidiu que o piso era constitucional, que o valor é o básico (e
não a soma das vantagens, como entendia a ex-secretária Mariza Abreu) e
que , sim, era preciso reservar um terço da carga horária para a
preparação das aulas, o governo reagiu. Foi ao Judiciário pedir
esclarecimentos sobre a extensão da decisão e pleitear uma liminar que o
isentasse de pagar o piso até o julgamento desses chamados embargos
declaratórios. Era uma forma de ganhar tempo, já que a decisão do
governo é pagar o piso até 2014.
Com a greve decretada, o governo aposta na divisão do magistério. O
secretário da Educação, Jose Clovis Azevedo, acredita que a maioria dos
professores vai trabalhar normalmente, até para não comprometer o ano
letivo. Azevedo diz que a greve é inoportuna, porque ainda está em vigor
o acordo firmado em abril, quando os salários foram reajustados. O
governo avisa que vai cortar o ponto dos grevistas e exigir a
recuperação dos dias parados. O embate repete o que tem sido a relação
do Cpers com os governos nos últimos anos. A diferença é que quando os
governadores eram de outros partidos o PT estava ao lado dos
professores, estimulando a paralisação
Fonte: Blog da Rosane de Oliveira:
http://wp.clicrbs.com.br/rosanedeoliveira/2011/11/18/greve-fora-de-hora/?topo=13%2C1%2C1%2C%2C%2C77
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