Os flagrantes e denúncias de casos de abuso da força policial no
Brasil estão cada vez mais expostos. Porém, as formas de enfrentar o
problema estão associadas a uma mudança estrutural mais profunda,
acredita o sociólogo Renato Sérgio de Lima. “São práticas abomináveis,
mas não podemos culpabilizar uma única instituição. Devemos ter uma
reforma mais substantiva para mudar esta realidade, que envolva a
redução da letalidade, a eficiência nas investigações, a corrupção
policial e garanta a preservação dos direitos. Temos que acabar com os
abusos combatendo a fragilidade do sistema de segurança como um todo”,
explica.
O gaúcho Marcos Rolim acredita que as truculências policiais e os
índices de pessoas mortas pelos homens de farda no Brasil repercutem
internacionalmente devido ao contraste no modelo de segurança brasileiro
em relação às outras nações. “As democracias mais consolidadas no mundo
têm um padrão muito mais civilizado e o tratamento da polícia
brasileira acaba causando espanto. A letalidade policial é grande no
Brasil. A recomendação da ONU parte deste horror com a letalidade”,
afirma.
De acordo com Rolim, no Rio Grande do Sul o maior problema são os
abusos da força e de autoridade pela Brigada Militar. “O quadro se
agravou no último período e sem uma resposta eficiente do Estado”,
critica. Ele acredita que a atuação no policiamento ostensivo torna a
Polícia Militar mais exposta a situações em que podem ocorrer abusos. “É
uma polícia maior e que aborda pessoas todos os dias na rua. Mas a
ideia de que a Polícia Civil é mais eficiente ou democrática nem sempre é
verdadeira. Há relatos de torturas nas investigações da Polícia Civil. O
abuso não tem a ver com o tipo da polícia e sim com a forma com que as
instituições se organizam e fazem o trabalho”, defende.
Fonte:SUL 21
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