Se tratando de ralação com a policia, sempre estive mais próximo dos bandidos. Não que eu fosse um deles. Nunca tive o menor talento para o crime. Sempre tive medo que minha mãe me visse algemado, talvez por ter visto meu pai, e a cena nunca sair de minha cabeça.
Policiais, para mim, eram os caras que batiam em meu pai, eram os caras que invadiam a casa e tiravam ele lá de dentro de maneira brusca, ignorando o meu choro ou da minha mãe. Policiais para mim, eram os homens maus.
Este sentimento não é só meu, a geração de exilados nos becos e vielas veem na farda de um brigadiano a cor do pesadelo. Até entendermos que estes homens são de extrema coragem, que por um salário que não vale o seu risco levantam e enfrentam a morte, leva um tempo.
Imaginem, na pior fatalidade que poderia lhe acontecer, desde uma morte por assalto, acidente de transito, desaparecimento de um familiar ou algo assim, o que para nós é nosso pior pesadelo, para eles é só a quinta feira de uma semana qualquer. Eles vivem onde nós não queremos sequer passar perto. Muitos para se defenderem assumem uma postura de superioridade, como se fossem indestrutíveis e maiorais. O que para nós soa como “marra”, para eles é um mecanismo de sobrevivência da mente.
Imaginem um mundo sem policiais, um mundo sem a sirene que toca à noite. A mesma policia que algemava meu pai era a policia que me protegia. A diferença é que o que ela me fazia de mal eu via, mas o bem era invisível.
Muitas pessoas acreditam que eu não gosto dos policiais. Pelo contrário. Eu se pudesse, seria um. O que não suporto são os covardes que se escondem atrás da farda para cometer crimes. Para o policial que ajudou a menina no Centro que torceu o pé, meus parabéns. Seu gesto fez meu dia melhor.
Por: Manoel Soares
E-mail: manoel.soares@rbstv.com.brTwitter: www.twitter.com/manoelsoares...
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