Barreiras para fiscalização geraram congestionamento na BR-290
ANTONIO PAZ/JC
A retomada da operação-padrão dos agentes da Polícia Federal em diversos aeroportos do País provocou longas filas para embarque e atrasos de voos pelo País. No Salgado Filho, em Porto Alegre, o movimento no terminal foi afetado pela participação de 14 agentes da categoria na manifestação, com a revista minuciosa de passageiros e bagagens, provocando filas principalmente durante a manhã. Até às 16h, quatro voos haviam sido cancelados e 16 registraram atraso superior à meia hora. Além disso, os policiais rodoviários federais realizaram uma barreira na BR-290, em Gravataí, a qual provocou congestionamento na rodovia a partir das 15h.
O presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Rio Grande do Sul (Sinpef-RS), Paulo Paes, afirma que o movimento não tem a intenção de prejudicar os passageiros, mas de mostrar às autoridades a defasagem no efetivo da categoria. De acordo com ele, a fiscalização de passageiros e bagagens poderia ser mais eficiente com a participação intensiva da PF. “Os brasileiros não estão acostumados a uma fiscalização rigorosa, pois esse processo é feito por amostragem, mas com a operação-padrão conseguimos fazer um trabalho eficiente”, afirma. Com esse processo, agentes de outros setores (como a emissão de passaportes) são deslocados para o aeroporto e todas as pessoas que embarcam são abordadas.
Nos demais postos e delegacias da PF no Estado, seguem suspensos os atendimentos ao público (relacionados a porte de arma, serviços de imigração, fiscalização de produtos químicos e bancos e emissão de passaportes). Na superintendência da PF em Porto Alegre estão mantidos, apenas, os serviços de plantão, custódia de presos, flagrantes e o atendimento emergencial no setor de passaportes. O sindicato estima que a média diária de atendimento ao público caiu de 500 para 20 atendimentos durante a mobilização.
O dirigente destaca que desde o início da manifestação o número de infrações registradas observou crescimento significativo. Paes relata que, na semana passada, 6 mil comprimidos de ecstasy foram apreendidos no aeroporto de Curitiba, e 50g de cocaína foram descartados no aeroporto Salgado Filho. Na manhã de quinta-feira, também em Porto Alegre, um homem foi preso tentando embarcar com munição de arma de fogo. “Por falta de fiscalização e policiais, todos os dias passam drogas e armas pelo aeroporto, já que a Infraero terceirizou os funcionários do raio-x, a PF terceirizou as cabines de identificação e não está fazendo essa atividade porque não tem condições, assim como na fronteira”, alega o presidente do Sinpef-RS. A categoria ainda reivindica equiparação salarial com categorias similares e reestruturação da carreira.
Já os policiais rodoviários federais marcaram o início da greve com uma manifestação às 15h no posto de fiscalização da Free-Way, em Gravataí. A proposta da categoria é fazer fiscalizações totais em alguns trechos de rodovias gaúchas. No fim da tarde de quinta-feira, a BR-290 apresentava tráfego lento por volta do quilômetro 70.
Cargas se acumulam no porto
A greve da PRF começa a preocupar a operação do porto de Rio Grande, onde há o esforço para driblar as manifestações dos fiscais da Receita Federal, que promovem operação-padrão desde o fim de junho e a greve da Anvisa. O superintendente do porto, Dirceu Lopes, destaca que há 20 dias um grupo foi criado para acompanhar as atividades afetadas pela greve. De acordo com ele, não é observado transtorno expressivo, como filas de embarcações ou aglomeração de mercadorias no pátio do porto. Ainda assim, há preocupação de que, dentro de dez dias, a lentidão nas fiscalizações, somada à greve da PRF, comece a interferir nas cargas e descargas. “Quando temos uma produção calcada quase 70% na operação rodoviária, uma operação-padrão começa a ter reflexos”, explica.
Cardozo vê abusos na greve da PF
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que há abusos no movimento grevista da Polícia Federal e disse que serão tomadas medidas disciplinares e até judiciais contra eles. “A partir do momento que você tem o exercício de competências legais, e pessoas criam obstáculos à população; na medida que pessoas que não estão na atividade e comparecem para exercer justamente atividades que não exercem, isso caracteriza abuso de poder, é uma ilegalidade. É claro que isso não pode ser assim. Uma coisa é você cumprir a lei, outra coisa é abusar dela, com objetivo de alcançar algo que não é o interesse público”, disse. Cardozo avaliou que a greve tem gerado situações inaceitáveis e que cada caso está sendo analisado.
Aumentos têm teto de R$ 12 bilhões
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, confirmou na quinta-feira que o governo estuda desembolsar pelo menos R$ 12 bilhões para reajustes dos servidores federais em greve. “Esse é um número inicial. Pode sofrer alteração, porque vamos ter uma negociação longa com o funcionalismo, carreira por carreira”, disse Carvalho. O número está bem abaixo dos R$ 92,2 bilhões necessários para atender a todas as demandas de reajuste dos servidores, segundo cálculo do Ministério do Planejamento. O valor inclui a negociação com técnicos e professores de universidades federais, para quem o governo já apresentou proposta; e com as demais categorias, que ainda não receberam oferta oficial do governo.
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