O
governo apresentou hoje nova proposta aos agentes policiais. O chefe da
Casa Civil, Carlos Pestana, descartou a remuneração por subsídio. Entre
2013 e 2018, haveria 10% de reajuste anual no vencimento básico. Nesta
hipótese, a remuneração bruta total de um agente em início de carreira
seria de 4.321 reais em 2018.
Também
foi proposto pelo governo um ajuste a essa proposta. Não foi
distribuída a proposta por escrito, tampouco seu ajuste. Mantidos os 10%
anuais, os agentes de 1ª classe teriam ainda 97 reais acrescidos no
vencimento básico e os de 2ª classe, 50 reais. Tais acréscimos seriam
feitos, segundo Pestana, “possivelmente em 2013”.
Ainda
conforme tal ajuste, agentes de 3ª e 4ª classes teriam incorporados
metade da FG inerente à função em seus vencimentos básicos em 2013 e a
outra metade em 2018. Investigadores de 6ª e 7ª classes seriam
contemplados com a FG percebida por inspetores e escrivães de 3ª e 4ª
classes (120,26 reais e 142,08 reais, respectivamente), igualmente
incorporadas ao básico.
Exemplo (valor arredondado)
Na
1ª Classe, o básico em abril será de 757 reais. Acrescidos 97 reais
“possivelmente em 2013”, ficaria em 854 reais. Mais 10% em 2013,
totalizaria 939 reais de vencimento básico. Aplicada a gratificação de
risco, a remuneração bruta total seria de cerca de 3 mil reais em 2013.
Até 2018, chegaria a quase 5 mil reais.
Os
vencimentos básicos de abril de 2012 serão de 824,27 reais (2ª Classe),
890,32 reais (3ª Classe), 956 reais (4ª Classe) e 1.198,06
(comissários). Com a percepção da GF, sublinhada pela subchefe da Casa
Civil, investigadores teriam básico de 891,06 (6ª Classe) e 957,86 (7ª
Classe).
Distorções
Nenhum
agente policial terá 145% de reajuste, índice concedido a delegados de
1ª Classe. O governo não gosta e não vai admitir haver abismo salarial
em seu discurso. Prefere torturar números. É fato inequívoco que sua
proposta amplia o abismo salarial na Polícia Civil (350%).
Durante
a negociação de hoje, Pestana sublinhou necessidade de caixa para
negociar com magistério e Brigada Militar. “Curioso o governo Tarso
Genro não tenha usado tal argumento quando negociou reajustes de vulto
com servidores da Sefaz, da PGE e com os delegados de Polícia,
justamente com os maiores salários do Poder Executivo”, diz Isaac Ortiz,
presidente da Ugeirm.
A
proposta também amplia a diferença entre os próprios agentes.
Inspetores e Escrivães de 4ª Classe teriam, com todas as vantagens
pessoais possíveis, remuneração bruta total de cerca de 10 mil reais em
2018. Um comissário poderá chegar a 16 mil reais se computadas todas as
vantagens possíveis. Talvez por isso a representação da ACP tenha
considerado a proposta de hoje “plenamente aceitável”.
Pestana
disse que não tem como resolver todas as distorções em uma negociação. A
Ugeirm entende que o governo ajudaria - e muito - se não atuasse para
ampliar o abismo entre delegados e agentes, bem como entre comissários
(com todas as vantagens) e demais agentes.
Ou
seja, o governo atua para aumentar distorções e não para diminuir a
diferença entre o maior e o menor salário, que sempre foi e continua
sendo a defesa da Ugeirm. Tarso Genro bem conhece o exemplo da Polícia
Federal.
O
sindicato vai se esforçar para traduzir todos os números da proposta de
hoje, ano a ano, inclusive quanto ao ajuste formulado pelo governo na
mesa de negociação, até o dia da assembleia geral, agendada para o dia
16 de março, às 11 horas, no Palácio da Polícia.
“Estranhamos
que hoje o governo tenha apresentado uma proposta que não traz
remuneração por subsídio. A proposta ignora o fato de haver parte da
categoria que têm triênios de 5% e outra parte, que ingressou após 1998,
de 3%. O vencimento inicial da Polícia Civil continua baixíssimo e não
será digno em 2018. Na nossa assembleia do dia 16, é a categoria que vai
decidir se aceita ou não a proposta feita. Eu a considero muito tímida
diante do que foi oferecido a outras categorias, inclusive na própria
Polícia Civil. A nossa tabela é o melhor caminho para se construir
justiça salarial. Esperamos que as promessas de campanha do governador
Tarso Genro não fiquem apenas nas promessas”, finaliza Isaac Ortiz.
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