Por mais que queiram disfarçar as autoridades, existe uma disputa
corporativa histórica entre as polícias civis e polícias militares
brasileiras. Richa fruto principalmente de um modelo de polícia em que
uma corporação depende da outra para exercer seu trabalho, tornando-as
organizações deficientes e ineficientes. Como o Estado brasileiro
costuma ser um péssimo agregador para a execução de políticas públicas
conjuntas, haja vista toda a politicagem e jogo de interesses, as PM’s e
PC’s vivem isoladas em suas ilhas, tendo geralmente como discurso
acusações contra a co-irmã “responsável pelo mau andamento do serviço
policial”.
É aí que de vez em quando surgem casos de embates diretos, e até
físicos, entre policiais que deveriam se ocupar de um problema comum. O
mais recente caso de irracionalidade deste tipo ocorreu em Brasília,
Distrito Federal, quando policiais civis que reivindicavam benefícios
classistas juntamente com outras categorias do funcionalismo público
federal entraram em confronto com PM’s que realizavam a segurança em
frente ao Ministério do Planejamento, local dos protestos:
"Os manifestantes fizeram um enorme protesto em frente ao Palácio do
Planalto, onde realizaram o enterro “simbólico” da presidente Dilma
Rousseff. Apesar de a previsão inicial ser de a presidente Dilma estar
no Planalto, ela acabou transferindo o despacho com o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, para o Palácio da Alvorada. As manifestações em
frente ao Planalto têm sido praticamente diárias, ao contrário do que
acontecia no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Policiais Militares, seguranças do Planalto e militares do Exército
faziam a segurança das instalações do Planalto. Havia uma preocupação,
desde cedo, de que alguns servidores mais exaltados tentassem sair da
Praça dos Três Poderes e seguir em direção ao prédio do Planalto, como
já aconteceu em outras ocasiões, além do fato que o número de
integrantes do protesto era considerado muito grande".
Enquanto policiais se degladiavam, embora tenham mais interesses em
comum do que divergências, não é demais perguntar onde estavam os
negociadores e os donos da caneta que pode garantir o acalmar dos
ânimos. Talvez rindo daqueles que incorporam em si o projeto de poder
dos outros.
(A emblemática foto que ilustra este post é de Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr. Veja mais.)
Autor: Danillo Ferreira - Tenente da
Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança
Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato:
abordagempolicial@gmail.com
FONTE - ABORDAGEM POLICIAL
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