Duas iniciativas da administração Gilberto Kassab
(PSD) na Prefeitura de São Paulo colocaram os militares em voga
novamente no cenário político municipal e vão fomentar a disputa pelo
voto de farda nas eleições de outubro. E não só entre os candidatos a
prefeito. Sinal disso, é que dois ex-comandantes da Polícia Militar
estão cotados para vereador.
A nomeação de coronéis da reserva para comandar 30 das 31
subprefeituras e a assinatura da Operação Delegada, convênio entre
município e Estado que autoriza policiais a trabalhar em horário de
folga, não só agradaram a corporação como aproximaram Kassab e seus
aliados da PM.
'O comentário geral é que a tropa gosta muito da Operação Delegada.
Não sei como vai ser nas eleições, mas agrada a todo mundo', diz o
coronel Marcos Chaves, do Comando de Policiamento da Capital (CPC). A
opinião é compartilhada pelo presidente da Associação de Cabos e
Soldados da PM, cabo Wilson Morais. No entanto, ele diz que a entidade
não definiu que candidato vai apoiar para a Prefeitura.
De olho nos PMs satisfeitos com Kassab, até os pré-candidatos de
oposição elogiam a Operação Delegada, apelidada de bico oficial. Em
paralelo, militares que pretendem se lançar a vereador também a usam
como bandeira de campanha. Sem contar os votos de familiares e amigos
dos policiais, estão em jogo na capital paulista quase 30 mil votos -
número estimado do efetivo da PM que trabalha na cidade e pode fazer o
bico oficial.
'Acho ótima e sou favorável. Tem que ampliar para Polícia Civil e
também valorizar a Guarda Civil Metropolitana', diz o deputado Gabriel
Chalita (PMDB).
'É um mecanismo interessante a ser explorado. Mas não precisa desmotivar a GCM', diz o petista Fernando Haddad.
O discurso é semelhante ao do presidente do sindicato da GCM, Carlos
Augusto Sousa Silva, pré-candidato a vereador do PT. Opositor de Kassab e
José Serra (PSDB), ele diz que participar da Delegada agradaria a GCM.
Uma proposta de bico oficial para os guardas espera votação na Câmara
Municipal.
O convênio da Delegada termina em novembro. Pelo contrato, policiais
são autorizados a fazer bico para a Prefeitura em horário de folga -
para particulares é proibido. Patrulham ruas em grupos fardados e têm
benefícios trabalhistas e pagamento extra.
'Vamos dar força para a Operação Delegada. Tem um papel complementar
ao da GCM, que também é muito importante', diz Serra, que era governador
quando o convênio foi assinado.
Câmara. Dada como certas, as candidaturas a vereador dos coronéis
Álvaro Batista Camilo (PSD), ex-comandante-geral da PM, e Paulo Telhada
(PSDB), ex-comandante da Rota, testarão a influência deles sobre a
tropa, mesmo depois de aposentados.
Camilo ainda não confirma a candidatura. Telhada, sim. 'De zero a
dez, a chance é nove', diz Kassab, sobre a possibilidade de Camilo
disputar a eleição. A aproximação começou com a indicação de coronéis
para subprefeituras - para tentar blindar a corrupção nas unidades.
A nomeação é criticada por opositores e pré-candidatos de PT e PMDB.
Desde 2008, já são 101 militares da reserva só na Secretaria de
Coordenação das Subprefeituras. Fora do expediente, os coronéis podem
virar cabos eleitorais de Kassab.
'Como pessoa, a gente tem liberdade para indicar alguém para um
amigo, em favor de algum candidato ou outro', afirma o subprefeito da
Sé, coronel Nevoral Alves Bucheroni, que administra a mesma região há
dois anos e seis meses. 'Como subprefeito, não posso fazer campanha para
ninguém. Mas se estou filiado ao PSD e tem um candidato do partido, é
lógico que, quando puder, numa reunião com amigos, vou indicar. Mas não é
nada dirigido ou orquestrado.'
Fonte:Estadão
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