RUMOS DO CONSELHÃO - Educação é o tema preferencial. Ouvido pela FGV, grupo de 90 conselheiros apontou deficiências do ensino, segurança e saúde como maiores desafios do Estado - JULIANA BUBLITZ, ZERO HORA, 16/03/2011
Uma cena inusitada para um Estado conhecido pela polarização política e radicalidade de ideias pôde ser testemunhada ontem à tarde, no Palácio Piratini. Sob os afrescos do Salão Negrinho do Pastoreio, gaúchos acostumados a duelar em lados opostos decidiram se unir em torno de uma causa comum: o sucesso do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Em sua primeira reunião, o Conselhão, como foi apelidado, não chegou a apresentar propostas concretas e muito menos discussões acaloradas, mas deu mostras do que há por vir. Quando os 90 convocados se acomodaram nas cadeiras dispostas no salão, Tarso tratou de deixar claro o que espera de cada um:
– Não precisa usar o vocativo, não é uma reunião de solenidades. Não precisa elogiar o governador. Pode criticar, não tem problema. O conselheiro tem de chegar aqui e ser direto. Trata-se de uma consultoria superior. E ninguém aqui precisa abdicar de sua ideologia.
A ideia é que o órgão, integrado por voluntários e tido como a vitrine do governo petista, funcione como uma espécie de oráculo democrático – a voz da sociedade, interferindo diretamente nas decisões políticas. Tarso admitiu, por exemplo, que ainda não sabe qual é o melhor modelo de pedágio para o Estado e disse que espera contar com os consultores para se definir.
– Os conselheiros podem fazer exigências para que haja uma dinâmica permanentemente de crítica – reforçou, dando carta branca ao grupo.
No salão, a reação foi imediata – sorrisos, trocas de olhares, burburinho. Confiante, Tarso já conhecia o resultado de uma pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com os membros do Conselhão: nada menos do que 75% afirmaram ter alta expectativa sobre o órgão. Apresentado em um telão, o levantamento também adiantou quais devem ser os temas mais debatidos. Entre 29 opções, o campeão foi a educação. Ao fim da tarde, a reunião terminou com seis câmaras temáticas definidas e comitê gestor escolhido. Por um momento, divergências pareciam coisa do passado.
– Tive a sensação de que há um completo desarmamento em favor do Rio Grande. Coisa que eu ainda não tinha visto, uma novidade no Estado – disse o cardiologista Fernando Lucchese, um dos mais otimistas.
A próxima reunião do Conselhão está prevista para maio, quando será discutido o Plano Plurianual.
PESQUISA - Pesquisa da Fundação Getulio Vargas aplicada aos 90 integrantes do Conselhão mostra o que pensam os novos consultores do governador Tarso Genro.
A EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO CONSELHÃO
- Alta....75%
- Média....23,68%
- Baixa....1,32%
GRAU DE URGÊNCIA DOS TEMAS
1º Educação
2º Segurança Pública
3º Saúde
4º Capacidade de investimentos
5º Infraestrutura/logística
6º Combate à miséria
7º Modernização do Estado
8º Inclusão social
9º Equilíbrio fiscal
10º Ética e combate à corrupção
ÁREAS EM QUE DESEJA CONTRIBUIR
- Pacto pela educação.... 57,3%
- Desenvolvimento metropolitano.... 40,4%
- Desenvolvimento da Serra.... 34,8%
- Pedágios.... 30,3%
- Previdência.... 23,6%
- Piso Regional.... 19,1%
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A pesquisa da FGV comprovou a necessidade de segurança pública no RS. Entretanto, não sei o porquê da segurança pública ser desprezada na formação do Conselho. Ficaram de fora os servidores militares estaduais responsáveis pelo policiamento ostensivo e atividades de bombeiros, além dos agentes prisionais responsáveis pela administração de presídios, guarda e custódia de presos. A área ficou restrita apenas à polícia judiciária que atua no pós crime.
Outra contradição nesta pesquisa foi o fato dos conselheiros apontarem como tema mais urgentes a educação, a segurança e a saúde, mas destes só a educação foi apontada como a área que desejam contribuir. Mostra que os conselheiros, por desconhecerem a área da segurança pública tão "urgente", nada podem contribuir. Vejo que a segurança pública, mais uma vez, não tem a importância devida e nem a urgência reclamada.
Proponho que o Governo reveja suas objeções e nomeie para o Conselho representantes dos servidores militares estaduais das áreas do policiamento e dos bombeiros e dos agentes prisionais, de preferência que não estejam na ativa, para agregar conhecimento da área da segurança pública numa futura Comissão pró-paz social, formada com representantes do Judiciário, do MP, da Defensoria, da Polícia Judiciária, da Educação e da Saúde, criando uma ligação entre estes órgãos que atuam no processo de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Com o tempo, pode até ser o embrião de um futuro sistema de ordem pública, muito mais integrado e eficaz do que o atual.
Uma cena inusitada para um Estado conhecido pela polarização política e radicalidade de ideias pôde ser testemunhada ontem à tarde, no Palácio Piratini. Sob os afrescos do Salão Negrinho do Pastoreio, gaúchos acostumados a duelar em lados opostos decidiram se unir em torno de uma causa comum: o sucesso do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Em sua primeira reunião, o Conselhão, como foi apelidado, não chegou a apresentar propostas concretas e muito menos discussões acaloradas, mas deu mostras do que há por vir. Quando os 90 convocados se acomodaram nas cadeiras dispostas no salão, Tarso tratou de deixar claro o que espera de cada um:
– Não precisa usar o vocativo, não é uma reunião de solenidades. Não precisa elogiar o governador. Pode criticar, não tem problema. O conselheiro tem de chegar aqui e ser direto. Trata-se de uma consultoria superior. E ninguém aqui precisa abdicar de sua ideologia.
A ideia é que o órgão, integrado por voluntários e tido como a vitrine do governo petista, funcione como uma espécie de oráculo democrático – a voz da sociedade, interferindo diretamente nas decisões políticas. Tarso admitiu, por exemplo, que ainda não sabe qual é o melhor modelo de pedágio para o Estado e disse que espera contar com os consultores para se definir.
– Os conselheiros podem fazer exigências para que haja uma dinâmica permanentemente de crítica – reforçou, dando carta branca ao grupo.
No salão, a reação foi imediata – sorrisos, trocas de olhares, burburinho. Confiante, Tarso já conhecia o resultado de uma pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com os membros do Conselhão: nada menos do que 75% afirmaram ter alta expectativa sobre o órgão. Apresentado em um telão, o levantamento também adiantou quais devem ser os temas mais debatidos. Entre 29 opções, o campeão foi a educação. Ao fim da tarde, a reunião terminou com seis câmaras temáticas definidas e comitê gestor escolhido. Por um momento, divergências pareciam coisa do passado.
– Tive a sensação de que há um completo desarmamento em favor do Rio Grande. Coisa que eu ainda não tinha visto, uma novidade no Estado – disse o cardiologista Fernando Lucchese, um dos mais otimistas.
A próxima reunião do Conselhão está prevista para maio, quando será discutido o Plano Plurianual.
PESQUISA - Pesquisa da Fundação Getulio Vargas aplicada aos 90 integrantes do Conselhão mostra o que pensam os novos consultores do governador Tarso Genro.
A EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO CONSELHÃO
- Alta....75%
- Média....23,68%
- Baixa....1,32%
GRAU DE URGÊNCIA DOS TEMAS
1º Educação
2º Segurança Pública
3º Saúde
4º Capacidade de investimentos
5º Infraestrutura/logística
6º Combate à miséria
7º Modernização do Estado
8º Inclusão social
9º Equilíbrio fiscal
10º Ética e combate à corrupção
ÁREAS EM QUE DESEJA CONTRIBUIR
- Pacto pela educação.... 57,3%
- Desenvolvimento metropolitano.... 40,4%
- Desenvolvimento da Serra.... 34,8%
- Pedágios.... 30,3%
- Previdência.... 23,6%
- Piso Regional.... 19,1%
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A pesquisa da FGV comprovou a necessidade de segurança pública no RS. Entretanto, não sei o porquê da segurança pública ser desprezada na formação do Conselho. Ficaram de fora os servidores militares estaduais responsáveis pelo policiamento ostensivo e atividades de bombeiros, além dos agentes prisionais responsáveis pela administração de presídios, guarda e custódia de presos. A área ficou restrita apenas à polícia judiciária que atua no pós crime.
Outra contradição nesta pesquisa foi o fato dos conselheiros apontarem como tema mais urgentes a educação, a segurança e a saúde, mas destes só a educação foi apontada como a área que desejam contribuir. Mostra que os conselheiros, por desconhecerem a área da segurança pública tão "urgente", nada podem contribuir. Vejo que a segurança pública, mais uma vez, não tem a importância devida e nem a urgência reclamada.
Proponho que o Governo reveja suas objeções e nomeie para o Conselho representantes dos servidores militares estaduais das áreas do policiamento e dos bombeiros e dos agentes prisionais, de preferência que não estejam na ativa, para agregar conhecimento da área da segurança pública numa futura Comissão pró-paz social, formada com representantes do Judiciário, do MP, da Defensoria, da Polícia Judiciária, da Educação e da Saúde, criando uma ligação entre estes órgãos que atuam no processo de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Com o tempo, pode até ser o embrião de um futuro sistema de ordem pública, muito mais integrado e eficaz do que o atual.
O Conselhão nada mais é do que um avalista das decisões do governo, e assim sendo duvido que tenham voz ativa. Outros governos já se utilizaram dessa maneira ardilosa de conduzir decisões e o tal Conselho nunca funcionou. Quanto ao fato de Policiais Militares não terem sido convidados para participarem do mesmo talvez seja por serem muito polêmicos e alguns olharem demais para o próprio umbigo, e não concordariam com muitos posicionamentos, o que não seria bom para o governo.
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