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PEC-300 tem caráter populista, afirma antropóloga
PEC-300 tem caráter populista, afirma antropóloga
“Essa
crise foi sendo construída e alimentada no Congresso Nacional, com a
criação da PEC 300, um projeto de emenda de caráter populista.”
O
termo populismo é utilizado para designar um conjunto de práticas
políticas que consiste no estabelecimento de uma relação direta entre as
massas e o líder carismático (caudilho), sem a intermediação de
partidos políticos. Assim, o "povo", como categoria abstrata, é colocado
no centro da ação política, independentemente dos canais próprios da
democracia representativa. Exemplos típicos são o populismo russo do
final do século XIX, que visava transferir o poder político às comunas
camponesas por meio de uma reforma agrária radical ("partilha negra"), e
o populismo americano, que, na mesma época, propunha o incentivo à
pequena agricultura através da prática de uma política monetária baseada
na expansão da base monetária e do crédito (bimetalismo).
Historicamente,
no entanto, o termo populismo acabou por ser mais identificado com
certos fenômenos políticos típicos da América Latina, principalmente a
partir de 1930, estando associado à industrialização, à urbanização e à
dissolução das estruturas políticas oligárquicas, que concentravam
firmemente o poder político na mão de aristocracias rurais. Daí a gênese
do populismo, no Brasil, estar ligada à Revolução de 1930, que derrubou
a República Velha oligárquica, colocando no poder Getulio Vargas, que
viria a ser a figura central da política brasileira até seu suicídio, em
1954.
Características
A política populista caracteriza-se menos por um conteúdo determinado do
que por um "modo" de exercício do poder, através de uma combinação de
plebeísmo, autoritarismo e dominação carismática, no sentido
estabelecido por Max Weber. Sua característica básica é o contato direto
entre as massas urbanas e o líder carismático (caudilho), supostamente
sem a intermediação de partidos ou corporações. Para ser eleito e
governar, o líder populista procura estabelecer um vínculo emocional (e
não racional) com o "povo". Isso implica num sistema de políticas ou
métodos para o aliciamento das classes sociais de menor poder
aquisitivo, além da classe média urbana, como forma de angariar votos e
prestígio (legitimidade para si) através da simpatia daquelas. Esse pode
ser considerado o mecanismo mais representativo desse modo de governar.
Desde
suas origens, o populismo foi encarado com desconfiança pelas correntes
políticas mais ideológicas, tanto da esquerda quanto da direita. As de
direita, representadas, por exemplo, pelo antivarguismo da UDN
brasileira, sempre recriminaram as práticas populistas por suas práticas
vulgares e suas atitudes "demagógicas", notadamente a concessão de
benefícios sociais através do aumento "irresponsável" do gasto público).
Já a esquerda, especialmente a comunista, apontava para o caráter
reacionário e desmobilizador que marcava as benesses populistas,
acusando-as de enfraquecer a luta organizada da classe operária, pois
tudo passa a depender da vontade despótica de um caudilho bonapartista.
Na
América Latina, o populismo foi um poderoso mecanismo de integração das
massas populares à vida política, favorecendo o desenvolvimento
econômico e social, mas subordinando essa integração a um enquadramento
estritamente burguês, colocando-se a figura de um líder carismático mais
ou menos autoritário como um tampão entre as massas e o aparelho de
Estado.[carece de fontes].
Ideologias
O populismo é uma expressão
política que encontra representantes tanto na esquerda quanto na
direita. Governantes populistas como Vargas, Perón e Lázaro Cárdenas[1]
realizaram políticas nacionalistas de substituição de importações,
estatização de certas atividades econômicas, imposição de restrições ao
capital estrangeiro e concessão de direitos sociais. Por outro lado, os
regimes populistas freqüentemente dedicaram-se à repressão policial dos
movimentos de esquerda e sempre realizaram sua ação reformista dentro de
um quadro puramente capitalista.
Essa forma de governo tendeu também
a retirar da própria burguesia nativa sua capacidade de ação política
autônoma, na medida em que toda ação política é referida à pessoa do
líder populista, que se coloca idealmente acima de todas as classes.
Ideologicamente, o populismo não é, portanto, necessariamente de
esquerda, no sentido de que seu alvo não são apenas as massas
destituídas; há políticos populistas de direita - como os políticos
paulistas Adhemar de Barros e Paulo Maluf, que tiveram como alvo de sua
ações políticas a exploração das carências dos estratos mais baixos (ou
menos organizados) da população urbana, com os quais estabelecem uma
relação empática baseada no ethos do empreendedorismo, do dinamismo, do
arrojo e do self-made man, bem como na defesa de políticas autoritárias
justificadas pela defesa da "moral e dos bons costumes" ou da "lei e da
ordem". Alegam alguns que o maior representante do populismo de direita
no Brasil talvez tenha sido o presidente Jânio Quadros.
Enquanto
ideologia, o populismo não está tampouco ligado obrigatoriamente a
políticas econômicas de corte nacionalista: na América Latina dos anos
1990, governantes populistas como o argentino Carlos Saul Menem, por
exemplo, combinaram políticas neoliberais de desregulamentação e
desnacionalização com uma política social assistencialista, herdada do
populismo mais tradicional dos anos 1930 - no caso de Menem, do
peronismo - naquilo em que tais políticas não contrariavam as práticas
neoliberais. O mesmo pode ser dito de outros governantes da época, como
Alberto Fujimori.
Exemplo máximo do populismo no Brasil, Getúlio
Vargas[1] subiu ao poder através de golpe de Estado nos anos 30 (a Era
Vargas de 1930 até 1945), elegendo-se democraticamente presidente em
1951 e governando até suicidar-se, em 1954. Apelidado de "pai dos
pobres", sua popularidade entre as massas é atribuída à sua liderança
carismática e ao seu empenho na aprovação de reformas trabalhistas que
favoreceram o operariado. Entretanto, alguns alegam que suas medidas
apenas minaram o poder dos sindicatos e de seus líderes, tornando-os
dependentes do Estado e sendo usados pelos políticos por muito tempo
para ganharem voto.
fonte: Veja
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