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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sindicalistas se retiram de reunião com Stela Farias

Servidores deixaram Comitê de Diálogo Permanente após secretária afirmar que espaço não é para negociação, mas para debate
Samir Oliveira
GABRIELA DI BELLA e ANDRÉ NETTO/JC
Não interessa só ouvir, diz Rejane. Espaço é inédito, salienta Stela.
Não interessa só ouvir, diz Rejane. Espaço é inédito, salienta Stela.
Na esteira das discussões sobre a reforma previdenciária proposta pelo Palácio Piratini, lideranças sindicais e a secretária de Administração e Recursos Humanos, Stela Farias (PT), protagonizaram um embate na tarde de ontem. Representantes de categorias do funcionalismo se revoltaram com uma declaração da petista e se retiraram da reunião do Comitê de Diálogo Permanente (Codipe).

Enquanto explicava o projeto de reforma da previdência elaborado pelo governo, a secretária foi questionada pela presidente do Sindicato dos Professores (Cpers), Rejane de Oliveira, sobre a finalidade do Codipe. A professora quis saber se a instância é para debater ou negociar com os servidores públicos.

Stela teria respondido que o objetivo do comitê é debater com o funcionalismo, o que irritou Rejane e outros sindicalistas, que se disseram contrários ao conceito. Então a secretária teria dito: "Se não estão gostando, podem se retirar".

A fala provocou reação imediata da maioria dos líderes sindicais, que se retiraram da reunião. "Não nos interessa ir a um espaço para que o governo apenas nos explique suas propostas", condena Rejane.
Ela garante que Stela estava visivelmente irritada enquanto os servidores se retiravam do encontro. "Quando saímos, vi que ela estava descontrolada e aos berros", conta.

A secretária se defende e argumenta que não está escrito em nenhum documento oficial que o Codipe é uma instância de negociação. "É um espaço de diálogo que busca acordos pontuais e gerais", esclarece.

Ela reforça que a iniciativa é inédita e estabelece um canal de interlocução com o funcionalismo. "Nunca existiu no Estado um espaço que fizesse a escuta dos servidores", alega a petista.

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (Sindisepe-RS), Claudio Augustin, também deixou a reunião após a declaração de Stela. "Aderimos ao Codipe porque entendíamos que era um local de negociação. Se o governo quer somente um espaço de debate, não tem sentido", considera.

O presidente do Sindicaixa, Érico Corrêa, calcula que cerca de 80% dos sindicalistas deixaram o encontro. "A secretária foi indelicada. Somos servidores experimentados e lutadores, não estávamos ali para ser enrolados com palavras bonitas", critica.

Rejane estima que praticamente todos os integrantes da reunião se retiraram em protesto à afirmação de Stela. "A impressão que tenho é que só ficou o staff do governo."

A secretária de Administração garante que cerca de 10 das mais de 20 entidades presentes permaneceram na reunião, que se estendeu até as 19h30min. Organizações como o Sindiperícias, o Semapi e a Ugeirm ficaram até o final do encontro.

Essa não é a primeira controvérsia no Codipe. Criado no dia 16 de março, o comitê tem o objetivo de reunir cerca de 45 entidades sindicais ligadas ao funcionalismo gaúcho. Mas, até agora, cerca de 25 instituições têm comparecido às discussões. Já na reunião inaugural, muitos questionaram o fato de terem que assinar um "termo de adesão". "Por que vamos aderir a um órgão de governo?", revolta-se a presidente do Cpers. Stela Farias informa que o termo de adesão já foi substituído por um "convite" às instituições.

Os ânimos se acirraram ainda mais a partir do momento em que o governador Tarso Genro (PT) começou a falar publicamente sobre o projeto de reforma previdenciária. A proposta será enviada à Assembleia Legislativa em regime de urgência no final deste mês e prevê aumento dos atuais 11% para 16,5% da contribuição para aposentadorias e pensões sobre os salários do funcionalismo superiores a R$ 3.689,66.

Além disso, a medida também institui um fundo complementar de previdência para os servidores que ingressaram após sua aprovação. No novo regime, todos contribuiriam com 11%, assim como o Estado.
Atualmente, o Estado contribui com 22% e os servidores públicos, com 11%. Com a reforma proposta por Tarso, o governo passaria a injetar 33% para cada desconto de 16,5% feito sobre os maiores salários.

As entidades sindicais que participam do Codipe se reunirão na segunda-feira, às 14h, na sede do Cpers, para avaliar a postura a ser adotada diante da declaração da secretária Stela Farias. No final da tarde ontem, Stela ligou para Rejane para reforçar que o comitê está aberto ao diálogo.

Fonte: Jornal do Comércio de edição impressa de 11/05/2011

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