Novo modelo não resolveria o problema do
deficit, calculado em quase R$ 52 bilhões, porque não inclui militares e
servidores da área de segurança do DF, responsáveis por 43% desse
valor.
Gustavo Lima
Manifestantes pediram a rejeição do projeto do Executivo.
Deputados e representantes do funcionalismo foram unânimes em
condenar a proposta do governo de regulamentação da previdência
complementar de servidores públicos (1992/07) em
audiência pública na tarde desta terça-feira promovida pelas comissões
de Seguridade Social e Família e de Finanças e Tributação.
Para o deputado João Dado (PDT-SP), o “conceito básico por trás da
medida é que o Estado não quer honrar o passivo atuarial a que deu causa
com suas ações”. O parlamentar garantiu ter “provas documentais” de que
os recursos da Previdência foram utilizados em obras como a construção
do Senado e da Ponte Rio-Niterói. “Em 1999, somente em São Paulo, o
valor do passivo atuarial era de R$ 116 bilhões, e agora o PL põe R$ 50
milhões, é enganação”, sustentou.
Novo regime
Pelo projeto, o governo destina esses R$ 50 milhões para a constituição da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp), a ser criada para recolher as contribuições suplementares. O texto determina que os servidores contratados após a instauração da entidade contribuirão com 11% apenas sobre o teto do Regime Geral de Previdência, hoje em R$ 3.691,74, valor da aposentadoria a que terão direito pelo regime próprio.
Pelo projeto, o governo destina esses R$ 50 milhões para a constituição da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp), a ser criada para recolher as contribuições suplementares. O texto determina que os servidores contratados após a instauração da entidade contribuirão com 11% apenas sobre o teto do Regime Geral de Previdência, hoje em R$ 3.691,74, valor da aposentadoria a que terão direito pelo regime próprio.
Caso queiram receber benefício maior, deverão contribuir para o
regime complementar com um porcentual que eles mesmos estipulam. O
empregador governamental também será obrigado a pagar, mas o limite de
contribuição será de 7,5%. A Funpresp não poderá administrar os
recursos, terá de contratar instituições privadas para isso.
Para a vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Poder
Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União (Sindilegis), Lucieni
Pereira, a mudança não resolve o problema do deficit da Previdência,
calculado pelo governo em quase R$ 52 bilhões. Conforme sustenta, 43%
desse valor devem-se ao pagamento de militares reformados e aposentados
da área de segurança do Distrito Federal, categorias que não são
atingidos pela nova lei.
Responsabilidade fiscal
Lucieni Pereira acrescenta que, caso o projeto seja aprovado, Judiciário e Legislativo vão descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF - Lei Complementar 101/00). Isso porque, segundo explica, hoje nesses dois poderes mais de 90% dos benefícios previdenciários são pagos pela contribuição dos ativos.
Lucieni Pereira acrescenta que, caso o projeto seja aprovado, Judiciário e Legislativo vão descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF - Lei Complementar 101/00). Isso porque, segundo explica, hoje nesses dois poderes mais de 90% dos benefícios previdenciários são pagos pela contribuição dos ativos.
Com a migração de boa parte dos recursos pagos para o setor privado,
os poderes terão de complementar os benefícios com orçamento próprio e
com isso, garante a dirigente, vão ultrapassar o limite de gastos com
pessoal previsto na LRF.
De acordo como o assessor da Secretaria Executiva do Ministério da
Fazenda Ricardo Pena Pinheiro, no entanto, o aumento de gastos para o
governo, caso 10% dos servidores atuais migrem para o novo regime, seria
de R$ 1,3 bilhão anual. Se 100% migrassem, os gastos suplementares
seriam de R$ 8,6 bilhões.
Remuneração
Já para o diretor de Relações Externas do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), José Ricardo da Costa e Silva, no novo regime, o servidor vai receber bem menos que o salário da ativa. “Na melhor das hipóteses, para homens que trabalham mais e vivem menos, os benefícios vão de 25% a 75% do que recebiam”, afirmou.
Já para o diretor de Relações Externas do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), José Ricardo da Costa e Silva, no novo regime, o servidor vai receber bem menos que o salário da ativa. “Na melhor das hipóteses, para homens que trabalham mais e vivem menos, os benefícios vão de 25% a 75% do que recebiam”, afirmou.
O secretário de Políticas de Previdência Complementar do Ministério
da Previdência, Jaime Mariz de Faria Júnior, contradisse a estimativa.
Ele garante que, a partir do momento em que o servidor ultrapassar o
período de contribuição mínima obrigatória – 30 anos para mulheres e 35
anos para homens – “o novo regime será sempre mais vantajoso”. O técnico
diz que uma mulher que contribuísse por 45 anos e recebesse o atual
teto do funcionalismo, de R$ 29 mil, receberia uma aposentadoria de R$
68 mil.
Crise internacional
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) sustentou que o “objetivo real” da mudança na Previdência é servir ao “sistema financeiro internacional”. “O governo precisa responder às demandas do capital internacional, que defende que quem deve pagar pela crise é o trabalhador”, disse.
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) sustentou que o “objetivo real” da mudança na Previdência é servir ao “sistema financeiro internacional”. “O governo precisa responder às demandas do capital internacional, que defende que quem deve pagar pela crise é o trabalhador”, disse.
Mesma opinião expressou o deputado Policarpo (PT-DF). Ele destacou
que no Judiciário hoje existem mais de quatro ativos para um aposentado.
“Todos sabemos que com a proporção de três para um no sistema paritário
é tranquilo garantir a aposentadoria para servidores”, afirmou.
A audiência foi realizada a pedido dos deputados Andréia Zito
(PSDB-RJ), Amauri Teixeira (PT-BA), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP),
Eleuses Paiva (PSD-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e João Ananias
(PCdoB-CE).
Proposta foi discutida em bate-papo da Agência Câmara; confira
Edição – Regina Céli Assumpção
Agência Câmara de Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário