Quando se fala de desvios e discrepâncias, tudo acontece aqui no Brasil. Assistimos a gente que burla a lei para garantir os “vale-disso e daquilo”, distribuídos em programas sociais ou o caso das “filhas solteiras” dos militares que não se casam apenas para não perder a pensão, pois a lei prevê pagamento vitalício (durante toda a vida). No ano passado, foram 90,9 mil as filhas solteiras beneficiadas. Elas receberam R$ 342 milhões em dezembro, o que dá uma pensão média de R$ 3.700. O direito das filhas solteiras dos militares receber pensão viltalícia foi “encerrado” por uma medida provisória editada em 29 de dezembro de 2000. Esta decisão, porém, não atingiu quem estava na ativa nas Forças Armadas. Indo para Brasília, vamos encontrar os “folclóricos” vencimentos de copeiras e ascensoristas (condutores de veículos verticais) ganhando acima de R$ 10 mil. No governo paulista, temos assistente de estacionamento, assessores de imprensa e um enfermeiro responsável pelos trabalhadores municipais que ganham R$ 18,3 mil por mês - 12 vezes o salário médio da mesma função no setor privado. Pela lei vigente, nenhum funcionário público pode ganhar mais que R$ 26.700 – a remuneração dos juízes de instâncias federais superiores. Contudo, um terço dos ministros e mais de 4 mil servidores federais teriam rendimentos superiores a esse teto. Incluindo o presidente do Senado, José Sarney, cujo salário chegaria a 62 mil. Se formos a fundo, iremos encontrar mais “aberrações salariais”.
Marcelo do Vale Nunes – Porto Alegre
Fonte: Correio do Povo 23junho 2012
Coluna: Do Leitor
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