Agentes amotinados opõem-se a entendimento com governo e entram em confronto com aliados do presidente Evo Morales
Com os rostos cobertos, rebeldes marcham em direção ao palácio presidencial. Eles lutam há 5 dias por reajustes
Crédito: Aizar Raldes / AFP / CP
La Paz - Policiais de baixa patente amotinados por demandas salariais, tomaram ontem a Praça de Armas de La Paz, em frente ao palácio presidencial, depois de terem entrado em conflito com manifestantes favoráveis ao chefe de Estado, Evo Morales. Os rebeldes, com os rostos cobertos, se lançaram sobre um pequeno grupo de pessoas favoráveis ao governo que, com vestimentas indígenas e cartazes, entravam na praça para expressar apoio a Morales.
A chutes e pontapés, os apoiadores do presidente foram expulsos do local. Os insultos contra os governistas se multiplicavam: "pichicateros" (viciados em drogas), "narcotraficantes", "contrabandistas", gritavam com raiva os amotinados, agitando paus e ferros de forma ameaçadora. Chapéus e ponchos indígenas, cartazes e panfletos foram destruídos e exibidos como troféu de guerra para acabarem sendo colocados em fogueiras improvisadas. Os policiais rebeldes também utilizaram bombas de gás lacrimogêneo. Nas portas do palácio governamental, mulheres de origem indígena foram agredidas pelos policiais, também indígenas, descendentes das etnias que apoiam Morales. Os policiais amotinados respondiam assim à presença de manifestantes governistas, que consideravam uma provocação. Por meio da imprensa estatal, foi convocada no domingo pelos sindicatos ligados ao governo uma manifestação de apoio ao presidente da República, supostamente ameaçado por conspiração golpista, segundo fontes do governo. Os sindicatos indígenas vinculados ao presidente boliviano, os únicos autorizados até agora a se manifestar nesse espaço, eram expulsos de forma violenta pelos policiais que, em outras circunstâncias, autorizariam sua passagem.
Qualquer pessoa com vestimenta indígena era alvo de agressões por parte dos amotinados. Os policiais estão em greve há cinco dias em todo o país exigindo salário de 2.000 bolivianos (287 dólares, quase 70% mais do que recebem) e rejeitaram acordo firmado na madrugada de domingo, por considerá-lo insuficiente. Sargentos e cabos esperam reorganizar sua liderança, com delegados de base de todo o país, para retomar o diálogo. O governo central insiste na teoria de um golpe de Estado de direita por trás dos protestos policiais.
Fonte: Correio do Povo 26junho2012
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