PREVISAO DO TEMPO

Comunidade dos Policiais e Bombeiros do Brasil

terça-feira, 26 de julho de 2011

DO OUTRO LADO DA CORDA

Sou 2º Sargento da Reserva Remunerada da Brigada Militar, aposentado somente com os proventos da função, ao contrário do que muitos que se preocupam com a vida alheia pensam. Minha vida é um livro aberto, tenho os mesmos problemas que muitos colegas, salário baixo, dívidas e também ao mesmo tempo uma boa quantia em dinheiro que o Estado me deve e não me paga, mas ao contrário, quando eu devo para ele e não pago, sou executado e não interessa que fique com o meu parco salário mais parco ainda. Não tive apadrinhamento, nunca ganhei diárias de viagem, não participei de Operação Golfinho ou do efetivo da Casa Militar tão conhecida e almejada por alguns colegas que na ânsia de conseguir fazer parte desta, esquecem a sua categoria e vendem a própria alma nas campanhas eleitorais. Acredito que o ser humano é algo difícil de entender. Muitas vezes persegue os mesmos objetivos embora por diferentes caminhos ou até entram em confronto. Tenho comigo um exemplo de fácil comprovação; os colegas brigadianos ansiosos por reajustes salariais, por força de profissão se veem obrigados a ficar de frente para os manifestantes separados apenas por uma corda. Sei exatamente o que se passa nessa situação, o pensamento da tropa voa com as seguintes preocupações: - Por favor, não provoquem para que não precisemos agir com rigor, tomara que eles consigam o que querem, será que esse reajuste me atinge? Já atuei em tais situações e assim sendo posso falar de cadeira que tais pensamentos são quase que unânimes claro que existem aqueles que estão bravos, pois saíram de serviço pela manhã e não conseguiram ir embora, existem aqueles que num momento de distração da equipe de reportagem levaram um chute na canela desferido por um manifestante na intenção de provocar uma reação ou até mesmo para desrespeitar. No fundo no fundo, são todos iguais, esperam o mesmo tratamento, ou seja, que o Estado olhe para o seu estado de miserabilidade e lhes de o quinhão que merecem. Custei a entender isso porque a minha Brigada Militar, era uma brigada cheia de ranço, as Praças eram pisoteadas desumanamente e eram punidas se conversassem demais com o povo, por isso cultuavam o ódio ao paisano ao contrário de hoje onde impera o culto ao PM relações públicas (RP), quanto mais conversar melhor. De tanto observar esses acontecimentos decidi que ia me aposentar e ter a voz que meus colegas não podem ter por força de profissão, e, assim hoje do alto dos meus 54 anos de vida e já aposentado, posso falar com toda a convicção: Não mais estou no policiamento ostensivo e, portanto doa em quem doer, estou DO OUTRO LADO DA CORDA.

Dagoberto Valteman 2º Sgt RR BM
Jornalista – registro MTE 15265
Tel Celular: 051 85136497 ou 84849380

O sucesso depende de 1% de inspiração e 99% de transpiração.

O sucesso é a expansão contínua da felicidade e a realização progressiva de objetivos compensadores

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