Fato de o soldado Milton Pithan estar vivo era quase um milagre, segundo colegas
Era o turno da folga, mas 16 bombeiros estavam na pista do aeroporto de Navegantes, em Santa Catarina. Um por um, assinaram uma camiseta do Internacional tamanho GG. Era um presente para o colega que chegara há instantes trazido por um ambulância. Todos ali sabiam que a lógica tinha sido contrariada. O fato de o soldado Milton Pithan estar vivo era quase um milagre. O colega dele, Rafael Vieira, já estava no Rio Grande do Sul. Em breve, Pithan também voaria de volta para casa. O embarque para Porto Alegre foi emoldurado por uma salva de palmas que ele não ouviu.
Em seu sono induzido e profundo, Pithan ainda não sabia que o pior já havia passado. A infecção pulmonar causada pela lama aspirada estava sob controle. Era preciso ainda restaurar os estragos nos ossos da face atingidos por um trator.
— Ele nasceu de novo — afirmou o irmão Eduardo.
A 550 quilômetros dali, começava a movimentação em um dos hangares do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Comandantes e colegas chegavam em silêncio. Uma ambulância esperava pelo seu passageiro.
Encostadas em uma parede, duas mulheres viviam uma mesma angústia. A mãe e a mulher do soldado Pithan contavam os segundos para a chegada do avião. Se esforçavam para represar as emoções.
— Eu não queria que ele se assustasse — explicou a esposa, Nara.
Eram quase 18h de segunda-feira, 8 de dezembro, quando a UTI aérea taxiou na entrada do hangar. A aeronave estacionou, a porta foi aberta e a maca, retirada. O silêncio era absoluto. Foram menos de cinco minutos para remover o paciente do avião para a ambulância. Quando a transferência foi concluída, o silêncio virou pressa. O ruído da sirene pelas ruas adicionava mais tensão ao já conturbado trânsito de fim de tarde da Capital.
No Hospital Cristo Redentor, na zona norte de Porto Alegre, a mobilização era total. Brigada Militar, bombeiros de Santa Catarina e Força Nacional de Segurança assumiram as despesas dos tratamentos. Também forneceram aos soldados e suas famílias recursos materiais e humanos.
Na entrada da emergência do hospital, bombeiros, médicos e enfermeiros se ocupavam da remoção do soldado. As duas mulheres atravessaram o oceano de braços e pernas que se moviam em volta da maca. Primeiro, o beijo na face dado pela mãe. Em seguida, o da mulher. Depois, Pithan foi levado por um corredor em direção à UTI. Mais uma UTI. Ficou 11 dias esperando que o corpo se recuperasse o suficiente para resistir a uma cirurgia.
Na sexta-feira, dia 19 de dezembro, o procedimento para a reconstituição da face foi realizado com sucesso. O paciente já está no quarto 428 do hospital, que leva o nome abençoado do mais famoso aniversariante do mês. Enquanto esteve consciente, Milton rezou todas as noites ao lado irmão. Uma forma de agradecer pela graça que recebeu sem pedir: ele nasceu de novo. É uma história de Páscoa em dezembro.
Médicos e familiares estão otimistas. Se tudo der certo, a frase que todo policial militar se orgulha ao pronunciar será ouvida mais uma vez no dia 24, quarta-feira: missão cumprida. Depois de renascer da lama, o soldado passará o Natal em casa.
Artigo extraido do Plantão ZHGeral do dia 22/12/2008 | 04h59min
Meu comentário:
BOMBEIROS, POLICIAIS MILITARES, POLICIAIS CIVIS, AGENTES PENITENCIÁRIOS, e enfim, todos os integrantes da Segurança Pública.
Ah, esses heróis desconhecidos e anônimos. Só seus familiares sabem o sofrimento no inicio de um novo dia, a cada nova escala de serviço, a certeza que sairá de casa mas com a incerteza da volta.
Cada dia pode ser o último, valorização profissional?
Nenhuma!!!!
Eles não tem defensores para que recebam polpudos reajustes em seus parcos salários.
Por isso e por muito mais, na pessoa do soldado Milton Pithan saúdo todos os colegas da área da Segurança Pública e também os demais funcionários públicos.
Com os votos de boa saúde e uma melhor expectativa de vida em 2009, FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!!!!!
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