Em hospitais públicos como o Incor e o das Clínicas de São Paulo, já existem duas portas, uma para o SUS e outra para os planos. (Quando o Incor quebrou, tentou se internar no CTI financeiro da Viúva do SUS.) O governador Geraldo Alckmin quer privatizar 40% das unidades administradas por organizações sociais. Na Santa Casa de Sertãozinho (SP), instituição filantrópica que, legitimamente, atende tanto ao SUS quanto aos convênios, deu-se um episódio que pode servir de lição e exemplo.
O médico Paulo Laredo Pinto atendia um paciente de 55 anos, diabético, obeso e hipertenso (como a doutora Dilma), internado há dias. Ele sentiu dores no peito, e Laredo, cirurgião vascular, diagnosticou um processo de enfarte: "Ele podia morrer se ficasse mais cinco minutos na enfermaria". Diante do quadro, pediu a transferência do paciente para o CTI. Nem pensar. O homem era do SUS e, mesmo havendo vaga no centro de terapia intensiva, estava à espera de algum paciente dos planos privados. Com o apoio de dois colegas, desconsiderou a negativa e transferiu o doente. Fez mais: chamou a Polícia. "Registrei um boletim de preservação de direito. Existe o crime de omissão de socorro. O leito não é de ninguém, é de quem precisa."
O paciente ficou no CTI, e, dias depois, seu quadro era estável. Pelo protocolo da privataria, talvez estivesse morto. Se os médicos começarem a chamar a PM, as coisas ficarão claras. Um caso de Polícia, caso de Polícia será.
Por ELIO GASPARI
FONTE: JORNAL CORREIO DO POVO ANO 116 Nº 332 - PORTO ALEGRE, DOMINGO, 28 DE AGOSTO DE 2011
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