O anúncio do governo do Estado de
que vai aumentar a gratificação de permanência para estimular os
servidores públicos a retardarem a aposentadoria é uma medida positiva
para os servidores, o próprio governo e o contribuinte. Só não é boa
para os que estão na fila à espera de uma oportunidade para entrar no serviço público. Para os chamados concurseiros, o aumento da gratificação é uma ducha gelada.
Ganha o Estado, porque cada servidor que
se aposenta precisa ser substituído por outro – e o Tesouro fica
pagando duas vezes. Como boa parte dos servidores atinge as condições
para se aposentar no auge da sua capacidade de trabalho, o Estado perde
funcionários experientes que, não raro, passam a trabalhar para a
iniciativa privada. É o caso de milhares de professores que gostam do
que fazem, estão dispostos a continuar trabalhando, mas se aposentam
porque não se sentem estimulados a continuar e procuram emprego em
escolas privadas.
Pela proposta apresentada ontem,
servidores que optarem por permanecer ativos irão receber um valor
correspondente a 50% do seu vencimento básico – o incentivo atual é de
35%. No caso dos professores, o benefício
é ainda maior: além do vencimento de 50% do básico, será oferecida uma
gratificação correspondente a 80% do padrão inicial da carreira.
De acordo com dados da Secretaria da
Fazenda, no Poder Executivo 2,4% dos cerca de 120 mil servidores seguem
atuando mesmo tendo condições de aposentadoria. Já o magistério tem
apenas 187 professores optantes pela gratificação de permanência, num
universo de cerca de 60 mil matrículas. Na Polícia Civil, esse índice é
maior: dos 5.853 servidores, 946 recebem a gratificação atualmente
(16,2%).
O contribuinte ganha duas vezes
com a medida, se ela de fato servir para evitar as aposentadorias
precoces: além de reduzir o tempo em que o Estado fica pagando um ativo e
um inativo para a mesma vaga, pode contar com os serviços de um
profissional experiente que, sem a gratificação, iria para casa ou para
uma empresa privada.
O servidor é o maior beneficiado, já que a permanência não é compulsória. Fica quem quiser ter um acréscimo de renda e tiver energia para continuar produzindo.
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRAZERO HORA
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