Na
área da segurança, o Rio de Janeiro prepara um retrocesso de
cinquenta anos
Estamos,
nós brasileiros anfitriões da Copa, relembrando os episódios do
golpe militar, ocorrido há cinquenta anos, contra as instituições
democráticas do País. Como fui um dos cidadãos que, como
jornalista, vivi, perambulando, com sede e com fome, as ruas de Porto
Alegre, naquele período de arbítrio imposto por militares
monitorados por civis que, ainda hoje, como moscas varejeiras, estão
infiltrados e até dirigem órgãos da maior importância da
administração pública brasileira, fico pensando, aqui, num
cubículo da minha torre, como deverá estar sendo interpretada na
aldeia mundial a intervenção do Exército e da Marinha, implorada
de forma vexaminosa pelo governo do Rio de Janeiro, a capital da Copa
do Mundo, para enfrentar os soldados do tráfico de drogas. Sigam-me
Retrocesso
Há
cinquenta anos, a ideologia militar destruiu, amparada por civis
colaboracionistas e estrategistas norte-americanos, as nossas
instituições civilistas. Conseguimos sacudir a poeira e dar a volta
por cima. No entanto, hoje, o governo do Rio, do alto de sua
incompetência, pede que o Exército e a Marinha combatam as forças
de Fernandinho Beira-Mar, ícone da bandidagem, que está preso.
Ocorre que as forças armadas são treinadas para combater o chamado
inimigo com direito e poder de atirar para matar. Isso significa que,
se a segurança pública no País, como está dando exemplo o Rio - o
que poderá ocorrer em outros Estados - exigir a saída das forças
armadas dos quartéis contra as tropas de Fernandinho Beira-Mar, a
Copa será marco de um retrocesso de, no mínimo, cinquenta anos em
nosso processo de civilizabilidade. Imaginem isso: as forças armadas
contra a tropa de um bandido que está preso. Mesmo no Rio, isto não
vai virar samba
Wabderley Soares - wander.cs@terra.com.br
Jornal O Sul
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