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terça-feira, 1 de junho de 2010

Direito, família e drogas são tema de palestra no Iargs

Sérgio Ramos e Helena Ibañez trataram da importância dos magistrados no debate e da relação entre pa
Foto: Fredy Vieira/JC

Fatores que influenciam o jovem a se tornar usuário foram pontuados

O Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul (Iargs) realiza, desde 1981, semanalmente, palestras sobre temas de destaque do Direito de Família. Os eventos são ministrados pelo grupo de estudos avançados nesta área, composto por integrantes do instituto e especialistas na matéria em debate.


A advogada de Direito de Família Helena Conti Raya Ibañez, coordenadora do grupo, afirma que mesmo com 29 anos de encontros às terças-feiras, os assuntos ainda não se esgotaram. “As leis se atualizam e evoluem, então, sempre temos dúvidas para esclarecer.” Segundo ela, a relação de convívio, durante esses anos, entre pessoas da área do Direito com profissionais de outros ramos, chamados para conversar nos encontros, é muito interessante.


O tema abordado no evento do dia 25 de maio foi A Família e o Uso de Drogas, contando com a participação do psiquiatra e psicanalista Sérgio de Paula Ramos. Helena lembra que é importante os profissionais do Direito se engajarem neste tema, afinal toda a desintegração da família acaba nas mãos do advogado. “O flagelo das drogas tem ligação profunda com os magistrados, pois cabe a eles ajudarem na busca de soluções do ponto de vista jurídico.”


Para embasar o tema, Ramos, que trabalha há 36 anos com dependência química, pontuou alguns fatores e pesquisas que influenciam o problema. Primeiramente, ele garante a necessidade de se levar em conta os estudos recentes, que afirmam que o cérebro humano se desenvolve até os 23 anos de idade, e não até os 18, como antes se pensava. “No Brasil, os jovens começam a beber muito cedo, em uma idade em que a sua capacidade de decisão, utilizando o bom-senso, ainda não está evoluída.” Segundo o psiquiatra, pesquisas já comprovaram que em famílias cujos pais sabem o local onde seus filhos estão quando saem de casa, a probabilidade de contato com as drogas reduz em 12%. “O cuidado protege.”


Outro fator influente, tratado na palestra, é a relação do filho com o pai. O psiquiatra afirma que vivemos numa geração quase sem pais, em que as regras passam a ser buscadas fora de casa. “No caso dos conglomerados matriarcais, que são as favelas, quem fixa as normas são os traficantes, que representam a figura paterna.” Nas classes mais altas, os homens acabam focando apenas o trabalho, não jantando ou almoçando com o seu filho. “Realizamos trabalhos com as famílias, pedindo que ao menos uma vez ao dia façam as refeições juntos.”


Ramos pondera, também, que apenas grandes campanhas não resolvem o problema das drogas. A maior bandeira deveria ser contra a bebida alcoólica antes dos 18 anos, mas para ela ser feita, a saúde pública teria que vencer os interesses comerciais. “Eu não conheço um único usuário cuja primeira droga não tenha sido o álcool. Infelizmente, quando trato desse ponto, me sinto solitário”, finaliza ele.


Sugestão de leitura: Direito de Família no Novo Milênio, Silmara Chinellato, José Simão, Jorge Fujita e Maria Zucchi, Editora Atlas, 672 páginas, preço sugerido R$ 99,00
Fonte: Jornal do Comércio do dia 01jun2010.

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