O governo do Estado divulgou, ontem, no início da tarde, nota oficial contestando as informações publicadas pela imprensa local sobre a investigação do Ministério Público Federal (MPF) quanto a supostas irregularidades na campanha eleitoral da governadora Yeda Crusius, em 2006, e na atual gestão do Executivo.Conforme a nota, que está dividida em seis itens, "não há nada de novo na divulgação" das informações. O Executivo avalia que "todas as supostas denúncias são fatos já mencionados no passado, sem qualquer comprovação, com o claro objetivo de criar dúvida e estabelecer desconfiança na relação do governo com a sociedade".Quanto à campanha eleitoral de 2006, o Piratini reafirma que "todas as contas da campanha eleitoral foram julgadas, auditadas pelos órgãos competentes e aprovadas, o que permitiu a diplomação da governadora". O documento indica ainda que a prestação de contas está disponível para consulta da população no site do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS). Quanto à aquisição da casa da governadora, o Executivo informa que o fato já foi investigado pelo Ministério Público Estadual, "que determinou o arquivamento da investigação".A nota prossegue afirmando que "o governo continua empenhado em manter a governabilidade do Estado e garantir o cumprimento de suas responsabilidades na gestão dos serviços públicos". Por fim, o Executivo acrescenta que "governo do Estado aguarda com serenidade o desenvolvimento das investigações, confiando que a Justiça seja feita, respeitando todos os princípios democráticos" e se declara na "obrigação de responsabilizar os que na ânsia de atacar e agredir afrontam a verdade e violentam a imagem de pessoas e instituições".A nota emitida pelo Executivo foi debatida ontem à tarde, na reunião do conselho político. Conforme a presidente do PSDB no Estado, deputada Zilá Breitenbach, o Piratini considera o assunto encerrado com a manifestação oficial do governo. "O Executivo não vai fazer nenhum outro movimento. Não há nada de novo. É mera repetição", avaliou.A deputada tucana também criticou a atuação dos representantes do P-Sol. "Eles poderiam fazer mais pelo Estado se atuassem mais em Brasília pelos interesses do Rio Grande do Sul", afirmou.
MPF garante que mantém sigilo do processo
O Ministério Público Federal (MPF) emitiu nota oficial com manifestação dos procuradores da República que compõem a força-tarefa que atua na investigação da fraude de R$ 44 milhões no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), conhecida como Operação Rodin. A nota esclarece que a "divulgação de dados sigilosos sob investigação, que se distingue da informação ao público, além de ser crime, perturba e dificulta a apuração dos fatos e a colheita de elementos de prova a subsidiar as ações do MPF, em juízo ou fora dele, gerando, além de risco a pessoas, impunidade." Os procuradores informam ainda que os fatos relativos à Operação Rodin "estão em apuração nos autos das ações criminais e de improbidade administrativa em trâmite perante a 3ª Vara Criminal de Santa Maria, nos limites dados pelo compartilhamento de informações autorizado judicialmente e pela necessidade de garantia do resguardo de sigilo de dados imposta pelo devido processo legal."
P-Sol pedirá bloqueio dos bens da governadora e de Carlos Crusius.
Lideranças do P-Sol no Estado irão, amanhã, à Santa Maria entregar um pedido de bloqueio e indisponibilidade de bens e contas bancárias pertencentes à governadora Yeda Crusius, ao seu ex-marido Carlos Crusius e ao ex-secretário-geral do governo Delson Martini. Além da solicitação, será encaminhado à juíza federal Simone Barbisan Fortes, responsável pelo processo judicial da Operação Rodin, que investigou o desvio de R$ 44 milhões do Detran gaúcho, um dossiê com reportagens publicadas na imprensa sobre o suposto envolvimento da governadora em irregularidades - que teriam sido cometidas durante a campanha de 2006 e no começo do mandato, em 2007.A ação do P-Sol foi desencadeada pelo vazamento de informações relativas à possível delação premiada do empresário Lair Ferst, considerado o pivô do escândalo do Detran. De acordo com um documento do Ministério Público Federal (MPF), que teria sido encaminhado ao então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, Ferst descreve 20 supostas ilegalidades, como o pagamento "por fora" de parte do valor da aquisição da casa da governadora, comprada oficialmente por R$ 750 mil, e o uso de caixa-2 na disputa ao governo do Estado, em 2006."Esse material praticamente confirma o que estamos dizendo desde fevereiro. Embora não se saiba como vazou, é um documento oficial, com a assinatura do procurador Alexandre Schneider, que integra a força-tarefa montada para investigar os desdobramentos da Operação Rodin. Por isso, vamos pedir o bloqueio dos bens da governadora, porque o Estado precisa ser ressarcido", anunciou a deputada federal Luciana Genro (P-Sol). Ao lado do presidente estadual do partido, Roberto Robaina, e do vereador de Porto Alegre Pedro Ruas, Luciana concedeu entrevista coletiva na tarde de ontem. Ela comparou os supostos fatos narrados por Ferst aos nove pontos apresentados pela sigla em fevereiro.
Paiani quer da Casa Civil cópia da investigação sobre sistema guardião.
O ex-ouvidor-geral da Secretaria de Segurança Pública Adão Paiani informa que irá "exigir" do chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel, cópia da sindicância feita pelo Executivo para averiguar o uso ilegal do Sistema de Consultas Integradas da Secretaria de Segurança Pública (SSP). "Quero a cópia integral. Só saio da Casa Civil com este documento em mãos", garante Paiani. O caso, que envolve o chefe de Gabinete de Yeda Crusius, Ricardo Lied, veio à tona em março através de gravações divulgadas por Paiani. Os áudios mostram Lied e o ex-presidente da Câmara de Lajeado Márcio Klaus, que são primos, conversando sobre a ficha do então candidato à prefeitura daquela cidade pelo PT. Em junho, o governo informou que a sindicância não identificou irregularidades no sistema de escutas.Ontem, Paiani depôs na 17ª Delegacia da Polícia Civil, em Porto Alegre, onde responde a uma queixa-crime protocolada por 22 servidores da Secretaria de Segurança.O ex-ouvidor diz que reiterou na polícia a acusação de que o sistema está sendo usado pelo governo para chantagear adversários políticos. "A governadora Yeda Crusius é cúmplice disso tudo, por ação ou omissão. Ela é totalmente responsável pelo que tem vindo à tona", avalia.Paiani aposta que as suspeitas contra o governo irão ganhar força com a vinda ao Rio Grande do Sul de Magda Koegnikan, viúva de Marcelo Cavalcanti, ex-representante do governo em Brasília.O deputado estadual Paulo Azeredo (PDT) confirma que Magda irá participar de uma audiência nesta quinta-feira, ou no máximo no dia 14. "Devemos ouvi-la antes do recesso parlamentar que se inicia no dia 17", diz o deputado.A expectativa do parlamentar é de que a empresária apresente provas suficientes para convencer os demais deputados a assinar o pedido de uma CPI na Assembleia Legislativa contra o governo tucano. O documento conta com 17 das 19 assinaturas necessárias para o protocolo.
Publicação feita no Jornal do Comério em - Porto Alegre, Terça-Feira, 7/7/2009
pode ser acessado pela URL: www.jornaldocomercio.com
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