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Comunidade dos Policiais e Bombeiros do Brasil

domingo, 23 de março de 2008

O milagre da multiplicação de PMs (reportagem de Zero Hora do dia 23/03/08)

23 de março de 2008 N° 15549Alerta
Reportagem Especial
O milagre da multiplicação de PMs

A centenária Brigada Militar se prepara para mais uma revolução. Desta vez, dentro dos quartéis. É esperada para breve a assinatura de um decreto por parte da governadora Yeda Crusius que promete deixar a corporação mais concentrada na sua finalidade primordial: prestar segurança aos gaúchos. O plano de reestruturação vem sendo discutido há quase um ano no interior do governo com a meta de reduzir a burocracia para aumentar o policiamento nas cidades. Com as mudanças, é estimado um incremento de pelo menos 1,2 mil PMs no patrulhamento ostensivo.A proposta central é enxugar funções de expediente interno, que estariam moldadas a grandes estruturas do passado, mas que hoje estão instaladas em quartéis com cada vez menos PMs no policiamento de rua. - Um batalhão deveria ter, no mínimo, 400 PMs, mas alguns tem menos de cem. Restou apenas o status e o inchaço administrativo - diz o comandante-geral, coronel Nilson Bueno, em defesa do projeto.A reestruturação é assunto proibido dentro da BM. Porque está nas mãos da governadora e também para não acirrar ânimos contrários. Desde novembro, o tema é alvo de críticas de comunidades do Interior, temerosas em ver quartéis fechados, situação que não deve ocorrer, promete o comando.No final de fevereiro, ao apresentar as linhas gerais da nova configuração da BM a representantes de 25 associações de prefeitos, o comando-geral recebeu o sinal verde para levar o projeto adiante.Enquanto não vem o anúncio oficial do Palácio Piratini, crescem as especulações. Está definido que, para fazer crescer o contingente de PMs nas ruas, deverão ser desativadas estruturas administrativas de 52 dos 98 maiores quartéis do Estado. Pelo projeto, desaparecerão 21 dos 33 comandos regionais - núcleos que gerenciam o trabalho em determinadas áreas do Estado com até 50 PMs em atividades dentro dos quartéis.A extinção desses 21 comandos significa, segundo o projeto, fortalecer a BM, potencializar o trabalho operacional e racionalizar custos. Hoje, os 33 comandos regionais estão divididos em policiamento ostensivo (16 comandos) e Corpo de Bombeiros (13 comandos), mais os comandos de Policiamento Rodoviário e Ambiental.Reforma deve colocar 1,2 mil PMs nas ruasSegundo declarações de Nilson, os quatro segmentos não trocam informações entre si, às vezes, com unidades dentro de uma mesma cidade, e geram gastos em duplicidade. Em municípios com mais de um batalhão, o número de servidores administrativos supera o de PMs no policiamento, de acordo com o comando-geral. Os 1,2 mil homens que devem ser incorporados ao patrulhamento representam um incremento modesto diante de um déficit de 11 mil policiais. Se os PMs fossem divididos entre os 496 municípios, o acréscimo seria de dois a três PMs por cidade. No entanto, diante da carência de policiais e da crescente insegurança, 1,2 mil homens em postos burocráticos tornam-se um luxo inaceitável. Desde 1991, o ritmo de baixas na BM é mais intenso do que o de ingressos. Seis anos depois, baseados em estudos da época, foi sancionada a Lei 10.993, definindo como 33,6 mil PMs, o efetivo ideal.Ao assumir a BM, em 2003, o então comandante-geral, coronel Nelson Pafiadache, mandou preparar um estudo técnico para avaliar a distribuição de pessoal. Foram avaliados indicadores como população, geografia, índices sociais criminais e até a localização de presídios.A conclusão: faltava gente em todos os setores da BM, e a necessidade era de 48 mil policiais, mais do que o dobro do efetivo atual que beira 22,6 mil. O estudo também sugeriu a criação de mais comandos regionais como o de Guaíba, que agora pode ser extinto. - É um desprestígio para a história da BM achar que atividade administrativa é dispensável - afirma Pafiadache.( joseluis.costa@zerohora.com.br )JOSÉ LUÍS COSTA

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