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Comunidade dos Policiais e Bombeiros do Brasil

sábado, 7 de janeiro de 2012

Aumento para delegados gera insatisfações na base da Polícia Civil


presidente da Ugeirm diz que há "clima de revolta muito grande" na polícia: "Ninguém aguenta mais. Se o governo não contemplar todos, entramos em greve”| Ramiro Furquim/Sul21

Samir Oliveira
O acordo firmado entre o Palácio Piratini e os delegados gaúchos nesta quarta-feira (4), que estabeleceu um calendário de reajustes salariais até 2018, colocou as demais categorias da Polícia Civil em pé de guerra com o governo do Estado. Inconformados, agentes exigem que os mesmos critérios sejam utilizados para conceder aumento aos outros integrantes da corporação.
Ao estabelecer que, de 2013 a 2018, os delegados terão a mesma remuneração que um procurador estadual, o governo atendeu à principal reivindicação da categoria: a isonomia salarial com os membros da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Para que isso ocorra, os delegados aceitaram não ganhar reajuste até 2013, quando os pagamentos começarão a ser feitos.
Mas enquanto a cúpula do governo celebrava o pacto com os delegados, as demais categorias da Polícia Civil articulavam uma intensa agenda de pressão junto ao Piratini. Nesta quinta-feira (5), o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores (Ugeirm) convocou uma reunião de diretoria para discutir o tema e já protocolou um pedido de reunião junto à Casa Civil. Eles acusam o governo de querer ampliar ainda mais a diferença salarial que existe entre delegados e demais categorias. E dão um ultimato de uma semana para que a administração comandada por Tarso Genro (PT) sinalize propostas.
O tom das declarações é forte e os sindicalistas falam inclusive na possibilidade de uma greve. “Há um clima de revolta muito grande na polícia com esse reajuste, ninguém aguenta mais. Se o governo não contemplar todos, entramos em greve”, ameaça o presidente da Ugeirm, Isaac Ortiz. Ele lembra da greve que ocorre no estado do Ceará, onde até as Forças Armadas tiveram que ser chamadas para fazer o policiamento nas ruas, especialmente na capital Fortaleza. “Se o governo não contemplar o que estamos pedindo, nossa greve não será muito diferente do que é a do Ceará”, alerta Ortiz.
Um inspetor da Policia Civil em Santa Maria conta que os colegas estão furiosos com a falta de sinalização do Piratini para a categoria. “O clima é de revolta. A mobilização dos agentes é algo que nunca foi visto antes na história da polícia”, comenta
Ele avalia que foi uma “decisão política” atender ao pleito dos delegados. Apesar das críticas, o policial acredita que o Piratini acabará atendendo às reivindicações das outras categorias. “Não acredito que o governo irá cometer um suicídio político de não conceder os reajustes. Quem toca a polícia são os agentes. As delegacias funcionam sem delegados, mas não sem agentes”, compara.
Em média, um agente policial em início de carreira, recebe cerca de R$ 1,8 mil e pode chegar a pouco mais de R$ 5 mil. Na estrutura salarial, os delegados estão divididos em primeira classe (R$ 7.094), segunda classe (R$ 7.538), terceira classe (R$ 7.981) e quarta classe (R$ 8.425). Com os reajustes, até 2018 um delegado de quarta classe receberá R$ 24 mil.

“Não queremos ampliar diferenças”, defende Airton Michels

O secretário estadual de Segurança Pública, Airton Michels (PT), acredita que não haverá maiores tensionamentos entre o governo e os agentes da Polícia Civil. E informa que quando a proposta aos delegados foi concluída, já era esperado que as demais categorias intensificassem a pressão. “Eles não precisam bater na porta do Palácio Piratini, pois serão chamados a negociar. De modo algum iremos aumentar as diferenças salariais entre delegados e agentes”, explica o petista.
Ele evita comentar se o governo atenderá à reivindicação de estabelecer os mesmos índices de reajustes a todos, mas diz que a proporcionalidade será garantida. “Daremos um aumento proporcional ao que foi concedido aos delegados”, projeta.
O secretário garante que não está preocupado com a possibilidade de uma greve na área da segurança. “Não tenho preocupação de que venha a ocorrer algo semelhante ao que houve no Ceará pelo nível de diálogo que temos mantido e pelas ações concretas que temos demonstrado”, defende Michels.
O tom é o mesmo na Casa Civil. O chefe da pasta, Carlos Pestana (PT), conversou na tarde desta quarta-feira (5) com o presidente da Ugeirm, Isaac Ortiz, e diz que “há tranquilidade” para conduzir as negociações. “Quando fizemos a negociação com os delegados tínhamos presente o compromisso com as outras  categorias.Temos tempo e tranquilidade para tratar de todos os temas de maneira adequada”, avalia. Pestana lembra que já foi concedido um reajuste de 10% aos agentes em 2011 – cujas parcelas ainda estão sendo pagas.
Para o chefe da Casa Civil, o principal desafio é consolidar as carreiras das demais categorias. “Querem construir uma carreira e esse é o desafio da nossa discussão”, comenta. Uma nova reunião com a Ugeirm deve ocorrer na próxima sexta-feira (13).

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