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Comunidade dos Policiais e Bombeiros do Brasil

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Projeto de vereador cria polêmica sobre maneira correta de fiscalizar o cidadão em via pública


Foto feita por leitor no mês de agosto mostra um policial rodoviário federal escondido atrás de vasos com um radar móvel, na BR-386Foto:Paulo Winkelmann, especial, BD - 3/8/2009
Bernardino Vendruscolo apresentou projeto para que radar móvel fique à vista dos condutores






Ao apresentar um projeto exigindo que agentes de trânsito fiquem à vista dos condutores ao vigiá-los com radar móvel, um vereador de Porto Alegre colocou em pauta um tema que divide especialistas e a sociedade: qual a maneira correta de fiscalizar o cidadão em via pública.



A polêmica confronta quem entende que um motorista responsável deve sempre admitir a possibilidade de estar sendo observado e aqueles que interpretam o monitoramento discreto como uma tocaia desonesta destinada a multiplicar a arrecadação por meio de multas.



Já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o projeto apresentado pelo vereador Bernardino Vendruscolo (PMDB) estabelece que fiscais de trânsito não poderão ficar ocultos atrás de postes ou árvores ao apontar a lente dos radares para os veículos.



A fiscalização eletrônica também teria de ser precedida por uma placa indicando o local onde se encontra. A medida desperta opiniões opostas, mas com igual veemência.



Para o professor de Ética e Política da Universidade de Campinas (Unicamp) Roberto Romano, esconder a fiscalização elimina o princípio de igualdade que deve nortear a relação entre o cidadão e a autoridade. Para o educador, quaisquer atitudes de segredo e surpresa são puramente punitivas e não privilegiam a educação. Agir à sombra da vista do público, conforme Romano, leva o cidadão a supor que o simples ato de pagar a multa o livra da dívida com o Estado pelo erro que cometeu – maior do que a simples cobrança pecuniária por colocar vidas em risco. É dolosa essa atitude de surpresa para arrancar dinheiro do bolso do contribuinte.



É própria da covardia do Estado e de uma posição tirânica.



Faz parte da lógica dos governantes recolher impostos a qualquer custo e dos brasileiros descumprir a lei. O correto, enquanto o brasileiro não aprender a respeitá-la, é sinalizar e vigiar ostensivamente – diz o professor.



O secretário de Mobilidade Urbana da Capital, Luiz Afonso Senna, sustenta que os azuizinhos não se escondem deliberadamente.



Mesmo se o fizessem, o procedimento estaria correto para o consultor de trânsito Gidel Dantas Queiroz, presidente da comissão especial que elaborou o anteprojeto do Código de Trânsito Brasileiro.



O especialista entende que não deve ser necessário qualquer alerta em relação à fiscalização sobre os motoristas:–



O município já não pode aplicar uma multa se não houver sinalização adequada, que inclui a placa com o limite de velocidade naquele local e um aviso de que há fiscalização eletrônica na área. O motorista, em vez de se preocupar se há um fiscal escondido ou não, deveria se preocupar em respeitar a legislação.



O consultor levanta outro ponto polêmico: a impossibilidade de uma decisão em nível municipal interferir nas regras de fiscalização do trânsito.



Para Queiroz, o projeto de lei fere o princípio de que apenas a União pode legislar sobre a circulação em vias públicas – o que incluiria os limites de ação dos azuizinhos porto-alegrenses.




Em reportagem publicada ontem em ZH, o autor da proposta argumenta que a medida não altera regras de trânsito, mas “a forma de atuação dos servidores públicos”.



A divergência abre espaço, porém, para que o assunto seja discutido judicialmente.A resolução 214/06 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determinou em 2006 que equipamentos de controle eletrônico de velocidade, como os pardais, poderiam funcionar sem a presença de um agente de fiscalização desde que em local de “ampla visibilidade” a fim de intensificar o efeito preventivo.



A proposta de estender a mesma filosofia ao serviço dos azuizinhos, agora, deverá multiplicar a controvérsia sobre os limites da vigilância em ruas e avenidas.



O projeto



O QUE DIZProposta na Câmara da Capital:-



Todo ponto de fiscalização dos condutores com utilização do radar móvel teria de ser precedido de placas indicando a quantos metros está instalado o equipamento



- Os agentes de trânsito que operam o radar teriam de ficar em posição de fácil observação pelos motoristas, evitando ficarem ocultos por quaisquer outros obstáculos



- Os equipamentos também não poderiam ser instalados em qualquer local, mas em pontos em que um estudo indicasse que seriam úteis para proteger a vida



- As multas aplicadas sem atender a esses requisitos seriam inválidas



EXEMPLOS



Pontos que não poderiam receber radares móveis:



- Escondidos entre placas- Atrás de árvores ou vegetação



- Atrás de postes



- Embaixo de viadutos



-Em curvas



- Próximo a esquinas



- Em quaisquer locais com pouca ou nenhuma visibilidade


ZERO HORA 13 out 2009

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